09 fevereiro 2015

É Preciso Aprender Dizer Adeus

Não é em todo fim de frase que as reticências são bem-vindas e nem em todo final de história.

A gente precisa parar com a mania de não colocar ponto final nas coisas por medo de aceitar que acabou. Muitas vezes já vivi situações nas quais o enredo já havia ficado cansativo e a história já estava implorando por um ponto final e eu, boba que sou, insistia em colocar vírgulas e ponto finais até cansar, apenas para não admitir que já era hora do the end. 

Amores acabam, trabalhos, projetos, velhas amizades e até nós acabamos. Mas temos a ilusão de que há um para sempre escondido nas entrelinhas de tudo aquilo que começa a dar errado. A gente insiste em pensar que os obstáculos são apenas testes e que temos, por obrigação, que passar por todos eles pra alcançar um troféu que seria o desfecho feliz. O problema é que nem sempre os obstáculos são testes, às vezes ele são o aviso de que já está na hora de abandonar o barco ou assumir o risco de morrer afogado e, por incrível que pareça, tem gente que prefere remar contra a maré e morrer na praia.

Precisamos aprender a dizer adeus pra tudo aquilo que já deixou de fazer sentido. Para pessoas, lugares e projetos. É necessário entender que existe uma hora que temos que parar de dar murro em ponto de faca e simplesmente dar as costas para aquilo que está nos calejando. A gente precisar aprender a usar mais os pontos finais e menos as reticências se quisermos realmente parar de viver de lamúrias depois de um final não-tão-feliz.

Os casos mais óbvios de pontuação errada estão dentre os relacionamentos. Sempre tem aquela amiga ou aquele amigo que vive reclamando que ele é chato, que ela só o trata mal, que ela não se sente bem com ele, que ele só faz merda. Mas acabar que é bom, nada. E ficam adiando o inevitável, insistindo numa relação sem presente e quem dirá futuro. E depois que as reticências determinam um fim mal acabado sobra a sensação de que todo o esforço foi em vão e, de fato, acabou sendo.

É preciso aprender dizer adeus para conseguirmos dizer olá para o que o futuro nos traz diariamente.

11 novembro 2014

Indefinido.

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A gente não usa aliança, mas as pessoas percebem de longe que existe algo que sela a nossa união. Também não temos o famoso relacionamento sério no Facebook, mas nossos amigos, conhecidos e até desconhecidos, conseguem perceber o quanto nos levamos a sério. Não temos aquela necessidade de reafirmação o tempo inteiro — dizer "eu te amo" trezentas e duas vezes por dia e ainda por a cabeça no travesseiro com aquela maldita questão na cabeça: "será que é amor mesmo?", porque nós temos certeza de que é sim; e se não for, é mais que amor.

Já tivemos fases ruins também e que atire a primeira pedra o casal que nunca teve. Já brigamos de ficar semanas sem se ver — você mantendo a pose de durão e eu sendo a manteiga derretida de sempre. Já gritamos coisas horríveis e eu já jurei que nunca mais iria voltar para você (e quebrei o juramento depois de uns cinco minutos). Você já disse que não precisava de mim e eu já coloquei a minha melhor roupa e fui pra melhor balada da cidade pra te mostrar que enquanto você diz que não precisa, eu mostro que não preciso. Mas tudo isso não passava de farsa. É que você é tão duro quanto eu, e às vezes torna-se sufocante admitir que existe alguém que no mundo que a gente possa amar além do que a gente já se permitiu amar um dia. 

Você vai embora sempre e eu sempre fico no mesmo lugar esperando você voltar, porque você sempre volta pra mim como um filho volta pro colo de uma mãe depois de uma bela de uma topada na vida. Eu sou seu ponto de paz e você é o estacionamento da minha alma. Do meu lado você é, tão e somente, você mesmo — sem máscaras e sem colete a prova de balas — e do seu lado eu sou a menininha frágil que só meus pais conhecem. Do seu lado eu sou a melhor parte de mim. Pra você eu dei a melhor parte de mim. 

Eu não ligo de você não querer me ver por uns dois dias, porque eu sei que antes do terceiro raiar, você já vai estar na porta da minha casa de mãos abanando e palavras complicadas, mas com o coração cheio de saudade do meu. E vai me beijar como se não houvesse amanhã. E não vai pedir perdão, porque só se perde perdão quando se erra e nunca foi um erro fugir porque o amor transbordou e quase matou. A gente não precisa definir a nossa relação, porque isso seria limitá-la, e não existem limites pra um amor genuinamente verdadeiro.

02 novembro 2014

Eu vou cuidar de mim.

It's you, it's all for you
Não deu certo e não foi culpa minha. Eu fiz tudo que eu pude e que não pude, fui mais você do que eu. Engoli sapos, mentiras, mágoas e tudo que pode haver de mais amargo. Te entendi. Te cuidei. Te coloquei na minha casa, na minha cama e na minha vida. Te inclui na minha rotina, te liguei pra te lembrar que já estava na hora de tomar o remédio porque você, meu Deus, sempre foi um poço de esquecimento. Tanto que acabou esquecendo de mim.

Você sempre achou que nunca iria me perder, porque todas as vezes que eu fui, eu acabei voltando. E das vezes que eu ameacei, terminei chorando e dizendo que não sabia viver sem você. Mas tenho uma novidade: Ontem eu descobri que sei viver sem você e, mais que isso, que eu vivo melhor sem você. Não é ressentimento, é constatação. Você sempre me teve na palma da sua mão e me controlava como se eu fosse um fantoche. Você errava e fazia com que eu me sentisse culpada, porque eu estava pegando no seu pé ou então porque sempre me importava com coisas bobas. Mas não eram coisas bobas, era com meu coração e com nosso amor de uma via só (porque só eu amei).

Eu não vou mais gritar e implorar pra você, pelo amor de Deus, mudar. Eu não vou mais implorar por motivos pra eu ficar e me contentar com as migalhas de coisa boa que você deixa entre um estrago e outro. Eu não vou mais gastar meu tempo me maquiando antes de você chegar pra disfarçar a minha cara de choro. Eu não vou mais ser usada como step por você. Descobri que eu sou boa demais pra sua vidinha mais ou menos e essa foi a pior coisa que eu poderia ter descoberto.

Agora você está livre (não que já não fosse) pra fazer o que quiser. Não precisa mais apagar os registros de ligações ou as conversas do WhatsApp. Não precisa dizer que teve um contratempo e teve que trabalhar até mais tarde quando na verdade estava indo encontrar outra. Chega de mentiras. E não vamos fazer desse término um confessionário. Eu já sei de tudo e já faz muito tempo, só não queria admitir pra mim mesma. Mas agora tanto faz. Eu prefiro ficar sozinha à ficar com alguém que só está comigo como e quando convém. Então, já que é pra ser assim, eu vou cuidar de mim. 

20 outubro 2014

Despedida.

 fedora

Desculpa por não ter me despedido antes de partir. É sério, eu bem que queria, mas eu sabia que você ia me segurar e me dizer que iria mudar, que tudo iria ser diferente e lindo. E eu iria acabar ficando, mesmo sabendo que as coisas continuaram iguais, infelizmente. Mas como eu não achei justo te deixar a ver navios, resolvi escrever uma carta de despedida que também é uma carta-explicação.

O meu plano inicial começou logo após os nossos primeiros seis meses de namoro. Passamos por muita coisa, o mundo conspirava contra nós e tudo indicava que ia acabar dando merda. E você parecia naquela mesma sintonia de ir contra tudo e contra todos em nome do amor. Ou do que quer que fosse o sentimento que nos unia. Mas o tempo foi passando e o encanto inicial foi se perdendo e tomando forma de maturidade. Começaram os desentendimentos, as eventuais discussões e aquelas semanas sem se falar. Um ano. Você pediu um tempo porque não sabia mais o que eu queria, e eu tinha tanta certeza de que queria você (e só você) que chegou a ser ofensivo ouvir aquelas palavras de você. Acho que eu acabei te idealizando e fazendo você de um espelho, achei que você era o mesmo que eu, que sentia como eu. Mas aí eu descobri que não era bem assim.

Dois anos. E tudo começou a ficar mais complicado. As brigas eram mais constantes do que as declarações, e a vontade de te deixar pra trás era muito forte, porém não mais do que o que me prendia a você. Eu pensava todos dias em como te dizer adeus, mas não conseguia encontrar as palavras corretas. Meu medo era de acabar te magoando e morrer de culpa, mesmo sabendo que isso anularia os débitos, porque o tanto que você já me magoou não está no gibi, como diria minha mãe. Mas eu pensava: "porra, cara, eu lutei tanto pra isso dar certo e justo agora vai dar errado? Não, não vai acabar assim". E eu me prendia a qualquer migalha de esperança que encontrasse pelo caminho. Acho que a pior dor não é aquela que a gente sente quando sabe que acabou, mas aquela que a gente sente quando a gente, de fato, enxerga que acabou.

Doeu tanto quando eu comecei a sentir você ausente mesmo quando você estava presente. Você não imagina o quanto foi ruim dizer que te amava, olhando nos teus olhos, e obter como resposta um silêncio ensurdecedor e um olhar perdido. Eu ali, estática, convicta do que sentia e você, estático, demonstrando querer sumir porque não suportava. Acho que foi naquele dia, naquele vinte e três de setembro que eu notei que não tinha jeito: Era largar ou viver sofrendo pelo resto da minha vida. Você, como eu bem sei, não ia conseguir se desfazer de mim. E eu de você. E a gente ia viver pra sempre infelizes por pura covardia.

Três anos. Feliz três anos pra nós, querido. Mas estou (oficialmente) te deixando, embora eu já tenha ido há quase um mês. Me faltou coragem pra te dizer adeus, mesmo estando longe o suficiente pra não ter que suportar a agonia de te ouvir me pedindo pra ficar e prometendo mudanças que jamais se concretizarão. Me perdoa por ser tão covarde. Mas me perdoa do fundo do teu coração! E, se eu te magoei, me perdoa também. Se em algum momento estive equivocada a respeito desses três anos, por favor, me conceda mais um perdão.

Eu tô no Sul do país, se isso faz alguma diferença. Troquei o número do celular, mas ainda podemos trocar e-mails vez em quando. Um dia a gente se encontra, com certeza. Daqui um ano ou dez, mas a a gente ainda vai se encontrar, porque a vida é cheia de encontros, desencontros e reencontros. Eu tô bem. Tô comendo, tomando os remédios direitinho e conhecendo um monte de pessoas bacanas por aí. A garota de papel está se tornando uma garota de verdade. Me perdoa se pra isso eu precisei te deixar pra trás. 

04 setembro 2014

Deixa eu te amar.

It's over.
Eu poderia dizer que não me importo com você, que nem sequer tenho o número do seu celular na minha agenda. Poderia dizer que nem doeu quando você me disse adeus e deu as costas pro nosso amor. Eu poderia até mesmo sair falando por aí que você era grosso, escrevia errado e que eu odiava o seu perfume. Resumindo, eu poderia verbalizar várias mentiras por aí porque, talvez, as pessoas acreditassem. O real problema é que eu não engano a mim. E nem a você.

A verdade é que eu me importo. Eu quero saber se você tem tomado os remédios direitinho, se tem se seguido a dieta que a nutricionista te passou e se realmente parou de beber destilados. Eu quero te ligar toda vez que deslizo o dedo nos contatos e o seu aparece ali, quase que me convidando a ligar ou mandar uma mensagem. Um simples "oi, tudo bem?". Só pra te lembrar que eu ainda tô aqui e que eu, por mais imbecil que isso pareça, ainda quero saber se você está bem. Ainda torço pra você estar bem.

Infelizmente eu não sei fingir que já te esqueci quando, na verdade, você está vivo e presente em cada célula do meu corpo. Eu não consigo subir num salto, por a minha melhor roupa e sair por aí esbanjando sorrisos e desapego, porque eu, por mais que me doa admitir, ainda sou integralmente sua. Eu não quero e não consigo fingir que você foi insignificante na minha vida quando, pra ser bem realista, você foi a coisa mais importante que me aconteceu nos últimos anos. Eu não consigo negar o meu amor por você. E talvez esse seja o pior. 

Eu exijo meu direito de poder te amar. Não estou exigindo que você volte pra mim, pra nossa casa, pro nosso amor, estou apenas pedindo, suplicando, pra que você deixe eu te amar. Deixa eu comprar quantos potes de sorvete eu quiser e acabar com todos eles em questão de horas. Deixa eu falar por aí o quanto eu te acho lindo, incrível e cheiroso. Deixa eu me importar com você, te ligar pra saber se está tudo bem, te mandar uma mensagem com o trecho de uma música que me fez lembrar de você. Deixa eu te querer. Eu sei que você foi embora e, mais ainda, que não pretende voltar. Mas isso não quer dizer que eu não possa te amar. E eu só peço isso: Deixa eu te amar do jeito mais incondicional e puro possível. Deixa eu te amar sem esperar nada em troca disso. 

31 agosto 2014

Sobre o pra sempre (que não existe)

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Ninguém pode obrigar ninguém a ficar. A gente pode dar bons motivos, enfeitar e perfumar a casa, levar o café da manhã na cama — mas obrigar, amarrar na cadeira e apontar uma arma na cabeça do outro, na esperança de fazê-lo ficar, são coisas que não podemos fazer ou pensar em fazer. É que na realidade todo mundo vai embora em um determinado momento, por indeterminados motivos: porque cansou, achou uma casa mais bonita, porque enjoou ou até mesmo porque a gente mandou pro raio-que-o-parta-e-que-não-volte-nunca-mais. 

As pessoas não são obrigadas a ficar pra sempre. Ninguém assina um contrato de estadia eterna quando coloca os pés na nossa na vida. E quando te disserem que vão estar "pra sempre", por gentileza, não cometa a burrice de acreditar. Nós medimos o pra sempre com as unidades que conhecemos. Pra sempre pode ser até que ocorra uma traição ou até que apareça uma super oportunidade do outro lado do Atlântico. Pra sempre pode ser até a manhã seguinte, aonde se acorda com uma louca vontade de jogar tudo pro alto. E você me pergunta: O que é realmente o pra sempre? E eu não tenho uma resposta pra lhe dar.

E é por isso e por muitas coisas que eu prefiro não fazer promessas — embora, eventualmente, as faça por algum impulso — prefiro ficar até quando der. Ir até onde der. Fazer o que eu puder. Prefiro agir no dia-a-dia, do que fazer uma promessa com prazo de validade eterno num mundo onde a eternidade sequer existe. Prefiro ter a liberdade de ir quando quiser do que ter que ficar por conta de uma promessa-contrato que, de certa forma, me obriga a ficar a menos que o outro lado me dê um motivo pra ir. E é aí que reside o maior dos problemas da promessa do "pra sempre".

Quando você promete que vai ficar pra sempre, você está automaticamente fazendo o outro contar com a sua presença eterna, seja lá de qual maneira. E quando você resolve ir, sem motivo evidente, começa a culpar quem não tem nada a ver com a sua vontade repentina de voar por aí. Culpar o ciúme do outro, o cheiro de flor que pelo-amor-é-doce-demais ou então aquela mania de chata de preferir suco à refrigerante. A realidade é que quando a gente quer quebrar um contrato, a gente começa a encontrar erros onde não existem erros, apenas para ter uma justificativa, já que o contrato diz que é permitido ir, desde que tenha uma lista de bons motivos para fazê-lo.

As pessoas prometem por que promessas consolam. Porque quando você promete companhia ou amor eterno, as coisas parecem mais fáceis e mais cômodas. Já que eu sei que ele vai ficar pra sempre, por que mesmo que eu tenho que me doar 100%?! Por que eu tenho que amar como no começo se, poxa vida, ele vai ficar pra sempre independente do que eu fizer ou falar? Pô, cara, é pra sempre! Mas não é assim que funciona.

O que eu quero que você, eu e o resto do mundo inteirinho entenda é que, de fato, não existe um pra sempre. Não existe amor eterno ou amor a prova de fogo e gelo. O amor também acaba. E por que não poderia acabar? Até onde eu sei não há nenhum estudo que prove que o amor é um recurso infinito. O amor pode ser como uma planta, sabe? Você tem que regar, cuidar, deixar respirar, deixar tomar Sol, alimentar e até mesmo podar. E o pra sempre é um recurso inexistente. Nada é pra sempre. Ninguém é pra sempre. E, acredite, ninguém é permanente na vida de ninguém. Só o que permanece é a lembrança. Ou, se você for ainda mais masoquista, o fantasma daquilo (ou daquele) que um dia já foi muito bom ou importante.

28 julho 2014

Daquelas que...

Já que você se sentou aqui, então vamos conversar. Ou melhor, você vai me escutar. Talvez eu esteja meio bêbada ou seja só melancolia mesmo. Primeiramente, eu tenho vinte e dois anos e ainda não tenho ideia do que quero pra minha vida — digo, sou jornalista e meu salário é ótimo, mas ainda não sei se é isso que eu sempre quis, sabe? A sensação que eu tenho é de que cheguei no topo, mas talvez não seja isso que eu sempre sonhei pra mim. Tenho um emprego fixo, casa própria, o carro do ano e o homem que eu quiser na minha cama, mas isso não me traz felicidade. É ridículo e parece até ingratidão, mas é um estado de espírito: Eu tenho tudo pra ser feliz e sou infeliz.

Já apanhei muito dessa vida. Já me apaixonei por babacas. Corrijo: Só me apaixonei por babacas. Babacas de barba mal feita, voz rouca e sexo incrível. Mas depois da calcinha, jogaram meu coração também no chão. Não entendo os homens, não entendo porque mentem, dizem coisas lindas e depois se vestem, saem de mansinho e nunca mais respondem mensagens ou atendem ligações. Nada contra cafajestes. Tudo contra mentirosos. Na minha teoria as mulheres não se sentem usadas por terem transado com um idiota, mas por terem sido induzidas, através de falsas promessas, a transar. Transar com um idiota sabendo que ele é só mais um gostoso-idiota, é bem menos doloroso do que transar com um príncipe e acordar sem o sapo do lado, porque ele resolveu pagar a conta do motel e passar o número errado do celular. 

Sempre fui romântica, embora não pareça. Eu sonho em casar de véu e grinalda numa igreja enorme e cheia de vidrinhos coloridos. Quero ter um filho, um cachorro e um apartamento na praia. Eu sonho em construir um futuro ao lado de alguém — mas até agora não construí nem o presente sozinha. Tenho vontade de conhecer o Egito por causa dos mistérios que se abrigam lá. Gostar de mistérios é um ponto forte da minha personalidade. Talvez por isso eu goste tanto de falar de amor, de viver amores — mesmo que de uma noite. Amor é mistério do começo ao fim. No amor, os fins justificam os meios. No amor, não há espaço pra razão, e eu acho isso mágico. Incrivelmente mágico. 

Sou o tipo de mulher que ninguém aguenta, não por ser chata, mas por ser boa demais. Eu falo o que eu penso, bebo whisky puro, ouço Caetano, mas não dispenso um bom sertanejo na hora de afogar as mágoas. Frequento Museus e Bibliotecas, mas vez ou outra, me enfio em uma dessas boates e danço como se não houvesse amanhã. Sou o tipo de mulher que busca o amor em todas as esquinas, mas sempre acaba na frente da tv vendo algum romance clichê e se imaginando na história. Sou aquela que faz sexo pensando em andar de mãos dadas. Toda errada, eu diria. Sou uma menininha no corpo de um mulherão.

Daquelas que sonham em casar, mas evitam mostrar que tem um coração. Daquelas que não sabe o que quer pro futuro, mas continua fazendo as horas correrem dentro do escritório. Daquelas que usa salto quinze e saias coladas, mas que, vira e mexe, é vista em praças com vestidos floridos e chinelos rosas. Daquelas sem explicação.